Sunday, February 15, 2009

A história da Vanessa


Ela está sentada no parque, um mundo inteiro gira e funciona. Mas se você olhar só para ela vai perceber que as outras cenas ao redor não têm sentido algum, apenas estão lá para completar a fotografia da menina que está apenas lendo um livro, da menina que está apenas sendo ela mesma. A Vanessa. Ela termina seu livro e dá um sorriso tímido.
Eu poderia descrevê-la como qualquer dessas heroínas sonhadoras tanto de histórias infantis ou de filmes que conseguem realizar o que quiserem. Ela poderia criar abelhas caso não tivesse medo, ela poderia ter mil facetas diferentes por ser uma atriz de talento, ela poderia ser desenhista, mas o que ela mais quer é ser feliz. É por isso que estamos aqui. Para contar o dia que a Vanessa se tornou feliz. Não aquela felicidade leviana que se encontra em qualquer lugar e quando menos se espera vai embora. Mas sim aquela felicidade que te preenche fazendo você literalmente brilhar de alegria.
Vanessa guarda as suas coisas, as coloca na bolsa o livro e o pano em que deitava. E continua caminhando sem direção até que um vendedor chama atenção dela com a sua bancada:
- O que você está vendendo? – pergunta Vanessa.
- Eu sou um vendedor de sentimentos – diz o vendedor.
- Isso realmente funciona? Não acredito nisso não – Vanessa fala rindo ao vendedor.
- As pessoas têm mesmo essa síndrome de São Tomé, de ter que ver para acreditar. Mas já que você adorável e sonhadora senhorita sofre desse mesmo mal a deixarei escolher, um sentimento para testar e enfim compreender. Agora escolha senhorita qual sentimento você acha que serve em você – e com uma reverência deixou a vista uma bancada de broches que tinham cores e sentimentos diferentes descritos neles.
Vanessa ficou observando e viu que havia um lugar vago e perguntou:
- Qual broche estava aqui? – apontando para o lugar vazio.
- O broche do destino – disse o vendedor em meio às gargalhadas.
- Por que está rindo?
- Uma hora você vai entender – disse ainda com o sorriso no rosto o vendedor.
- Ta bom. Já escolhi vou pegar o broche da alegria.
- Está certo, faça um test drive. Vá passear por aí minha jovem.
Vanessa prendeu o broche em seu peito e foi caminhar, quando já estava um pouco longe da barraca do vendedor mal escutou a frase que ele gritou:
- O amor é quando a alegria e o destino se entrelaçam em um abraço sem fim.
Para dizer exatamente o que começou a acontecer com Vanessa depois que ela colocou o broche seria uma mistura do País das maravilhas, a música Lucy in the sky with diamonds e Pushing Daisies. Tudo extremamente colorido e inventivo o que fazia brilhar um sorriso do rosto de Vanessa. Ela caminhava sem rumo, mas para que ter um rumo em um universo tão bonito e charmoso como esse que ela nunca tinha visto. Ela queria encontrar o vendedor para comprar o broche e agradecê-lo por lhe dar essa nova visão de mundo.
No caminho de volta a barraca do vendedor, Vanessa começou a perceber que toda a alegria e a cor daquele mundo já não parecia mais a mesma. E ao passar por riacho viu o seu reflexo e que o sorriso nele também não era mais o mesmo, e ao chegar na barraca do vendedor completamente frustrada. Não disse uma palavra, retirou o broche do peito e colocou-o de novo na bancada:
- Obrigado por nada. – disse uma irritada Vanessa.
- Se as coisas fossem simples assim, você que nós seres humanos íamos complicar tanto? – tentou explicar o vendedor.
- Como assim?
- Se fosse fácil resumir os nossos sentimentos em broches, porque eu teria colocado na bancada sentimentos como o ódio e a raiva? O broche só funciona se o sentimento servir em você.
- Então quer dizer que eu nunca vou ser feliz? – disse Vanessa à beira das lágrimas.
- Você nunca vai me ouvir dizer isso senhorita. O que eu quero dizer é com o broche só funciona quando o sentimento combina com você, não que você nunca será feliz. Apenas que esse broche sozinho não conseguira suprir tamanha felicidade que combina com você. Vá caminhar menina que uma hora o destino trata de te fazer sorrir e cantar.
Vanessa obedeceu e caminhou mais uma vez sem rumo. Decidiu-se sentar, dessa vez na grama. Toda essa conversa sobre sentimentos só a fez sentir-se mais vazia, mais sozinha. Sentada na grama distraída pelo destino Vanessa mal percebeu o canino que estava vindo. Vinha correndo bem rapidinho como se estivesse fugindo, Vanessa decide segurar o canino, ao puxar para perto repara que tudo esta novamente colorido. Porem um colorido vivo e radiante não artificial, deixando Vanessa confusa sobre qual seria a mística do cachorro. Antes que pudesse desenvolver qualquer teoria outra figura se aproxima também esbaforida da corrida. O dono do cachorro chega e agradece a menina:
- Obrigado por ter segurado, ele escapou faz um tempão que eu estou correndo atrás dele e a graças a você consegui recuperá-lo. – disse o ainda sem fôlego dono do cachorro.
- Não há de que. Cuidado, pois eu posso não estar por perto da próxima vez. – disse a menina agora já sorridente.
- Então por que você não fica por perto? – perguntou o rapaz.
- Como assim? – perguntou a já vermelha de vergonha menina.
- Eu tenho que levar esse fujão para passear por que você não me acompanha?
- Pode ser... mas será que você deixaria segurar o au-au pela coleira? Não sei porque desde que eu segurei me senti mais feliz.
- Eu sei o que você quer dizer com isso. Me sinto do mesmo jeito, tome aqui um pedaço vamos segurar os dois assim o grandão aqui não foge e nos dois ficamos no sentindo bem.
E assim os dois foram caminhando, segurando na coleira do cachorro e sentindo-se bem.
Mas a pergunta que fica: Por que? Por que eles estão sentindo se feliz apenas segurando a coleira de um cachorro?
Eis que vem alguém se aproximando, vem chegando bem perto o vendedor de broches com a sua estande de sentimentos, ele aponta para o espaço vazio e diz:
- Lembram do que eu disse sobre o destino.” O amor é quando a alegria e o destino se entrelaçam em um abraço sem fim.”. Olhe embaixo da coleira do cachorro e veja que broche ele esta usando. E deixem essa menina brilhar e ser feliz.
E la está o cachorro com o broche do amor preso na coleira e combinando com a Vanessa e o dono do cachorro.